Ana Rita Faria (ARF)
Sou health coach e o meu objectivo é ajudar as pessoas a recuperarem o controlo sobre o seu bem-estar e saúde, através da alimentação e de mudanças de estilo de vida. Tirei o curso no Institute for Integrative Nutrition, em Nova Iorque, e criei o projecto About Real Food (ARF), onde sigo uma abordagem integrativa e holística, que abrange a nutrição e outras áreas determinantes para a nossa saúde e felicidade, como o stress, o sono, as relações, o exercício físico ou a carreira. Tenho mais duas paixões: a escrita e as viagens. Talvez isso justifique as outras profissões no meu currículo – jornalista e assistente de bordo.

10 passos para limpar o organismo e reforçar o sistema imunitário
Estamos habituados a ouvir falar de detox no verão. Ou, melhor dizendo, antes de este chegar, no fim da primavera, para ficar em forma e espalhar charme na praia. Mas fazer um detox no outono é ainda mais importante, sobretudo num contexto de pandemia como o que vivemos. As razões, essas, são bem diferentes. Primeira: limpar o corpo dos excessos das férias. Segunda: preparar o seu corpo (e o seu sistema imunitário) para enfrentar o Inverno, uma altura em que estamos sempre mais propensos a gripes, constipações e, agora, ao covid-19. Terceira: melhorar os níveis de humor, energia e produtividade, porque, quer queiramos quer não, estamos de volta ao trabalho e vamos ter de enfrentar aqueles meses frios, com menos sol e mais propensos a estados de alma negativos.
Quando falo aqui de detox, não estou a falar de passar uma semana a beber só sumos e batidos ou de tomar não-sei-quantos suplementos. Falo em cuidarmos e darmos especial atenção ao sistema de desintoxicação do nosso corpo. Há vários órgãos aqui envolvidos, como o fígado, os rins, os pulmões, os intestinos ou a pele. Eles trabalham em equipa para assegurar que as toxinas são transformadas em compostos menos perigosos e que são depois excretadas ou libertadas.
Muitas dessas substâncias tóxicas são produzidas pelo nosso próprio corpo – são os “desperdícios” ou o “lixo” que sobra depois de as nossas células levarem a cabo o seu normal trabalho de funcionamento. Além disso, estamos expostos a diversas toxinas, e em grandes quantidades. Desde os químicos presentes na água que bebemos, aos existentes na atmosfera, àqueles que estão presentes nos alimentos (pesticidas, por exemplo) e nos produtos que usamos (cremes, produtos de limpeza, etc). Isto sem falar da nossa alimentação, que é uma peça fundamental. Tudo isso sobrecarrega os nossos órgãos de desintoxicação e compromete a capacidade natural do nosso organismo de se purificar.

Num detox de Outono, há dois órgãos que devemos ter em especial atenção: os pulmões e os intestinos. Estes órgãos estão ligados a problemas de pele e respiratórios, como asma, gripes e constipações, eczema, erupções cutâneas e pele seca – condições que são comuns nos meses mais frios. Além disso, os intestinos alojam cerca de 70% do nosso sistema imunitário – ou seja, a sua saúde é fundamental para nos proteger de vírus e infecções.
Sinais de alerta
Não sabe se está a precisar ou não de um detox? Aqui ficam alguns sinais:
– Cansaço, falta de energia, dificuldade de concentração
– Dificuldade de adormecer ou acordar consistentemente entre as 2 e as 4 da manhã (e, particularmente, acordar com calor)
– Retenção de líquidos e/ou sensação de pernas cansadas
– Problemas de pele (acne, erupções cutâneas, eczema)
– Olhos vermelhos, secos ou irritados
– Ataques repentinos de fome
– Síndrome pré-menstrual
– Problemas digestivos (inchaço abdominal, prisão de ventre)
– Aumento da gordura corporal
– Celulite
– Problemas de humor (nervosismo, irritação)
– Mau hálito e/ou suor com cheiro desagradável
Se se identifica com vários destes sinais, talvez esteja mesmo a precisar de dar um pouco de amor ao seus órgãos de desintoxicação.
Detox passo a passo
Nada de dietas radicais, de limpezas à base de líquidos ou de passar fome. Aqui ficam 10 passos para ajudar a desintoxicar o seu corpo de uma forma natural e segura, fortalecendo ao mesmo tempo as suas defesas para os meses mais frios.

1 – Elimine os “agressores” na alimentação: álcool, café, tabaco, açúcares refinados, gorduras saturadas, produtos altamente processados, tudo isto contribui para a acumulação de toxinas e prejudica a nossa saúde. Algumas pessoas podem também beneficiar da limitação de lacticínios, glúten e carne, sobretudo se for algo que esteja muito presente na sua alimentação. Dê preferência a alimentos provenientes de agricultura biológica, na qual não são usados adubos, fertilizantes ou pesticidas químicos.

2 – Elimine os “agressores” externos: tente reduzir a utilização de químicos em casa, presentes em muitos dos produtos de cosmética e de limpeza. Há compostos químicos que interferem , inclusive, com a capacidade de o nosso corpo metabolizar gordura – os chamados disruptores endócrinos. Alguns exemplos: o BPA (Bisfenol A), um composto existente em muitos plásticos e nas latas de bebidas; o PFOA (ácido perfluorooctanóico), usado nas panelas anti-aderentes; ou os ftalatos, que são usados nos plásticos para os deixar mais maleáveis.

3 – Aposte numa alimentação natural, à base de plantas. Privilegie os vegetais, com destaque para os vegetais doces da época (como abóbora, batata doce, cenoura, beringela, beterraba, rábano e rutabaga) e para os vegetais crucíferos (como brócolos, couve-flor, couve-de-bruxelas, repolho, nabo, agrião, acelga, rúcula, rabanete, etc), que contêm fitoquímicos que estimulam as nossas enzimas desintoxicantes. Estes últimos – e também o alho e a cebola – são ainda ricos em enxofre, que contribui para manter o nosso sistema de desintoxicação a funcionar bem. Além disso, aposte na fruta, nos cereais integrais e nas leguminosas. Estes alimentos, à semelhança dos vegetais, são ricos em fibra – um elemento essencial para o bom funcionamento dos nossos intestinos. E, quanto melhor estes trabalharem, melhor o nosso corpo elimina as toxinas. Para saber mais sobre uma alimentação anti-inflamatória e que ajuda a fortalecer o sistema imunitário, leia este artigo.

4 – Experimente sumos e batidos verdes. O detox de que aqui falo não tem nada a ver com alimentar-se só a sumos, mas a verdade é que estes podem ser um óptimo aliado de um processo de desintoxicação. Primeiro, porque ajudam a aumentar o consumo de vegetais e de fruta. Segundo, porque dão alguma folga ao sistema digestivo. Se quiser dicas sobre como fazê-los, leia este artigo.

5 – Beba água com limão em jejum. Fala-se muito dos benefícios da água com limão, mas a verdade é que há muito pouca investigação científica sobre o tema. Alguns dos mitos mais comuns são que ajuda a perder peso, a alcalinizar o corpo (e prevenir o cancro) e a desintoxicar. Nada disto está cientificamente comprovado. Então por que é que está aqui? Porque tanto a água como o limão, tidos em separado, têm vários benefícios para a saúde.
A água, por si só, é fundamental para nos mantermos hidratados e para ajudar o nosso corpo a eliminar as toxinas, quer através da urina, quer pondo os nossos intestinos a trabalhar melhor. E é verdade que, se aliada a uma fonte de potássio (como é o caso do limão), o efeito diurético aumenta. O limão, por sua vez, é rico em vitamina C, um antioxidante poderoso, que é fundamental para o bom funcionamento do sistema imunitário. Além disso, esta fruta também é rica em flavonóides, que têm efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios. Então, por que não bebê-los juntos?
Se quiser ser mais audaz, experimente juntar spirulina ou clorela (ou uma mistura das duas), dois tipos de alga, geralmente vendidas em pó, que são consideradas super-alimentos. A lista de benefícios é bastante extensa: ambas ajudam à função intestinal, têm propriedades anti-virais e reforçam o sistema imunitário, só para referir alguns. A clorela é ainda um aliado directo poderoso na desintoxicação, porque se liga aos metais pesados (como o câdmio, urânio e mercúrio), ajudando à sua eliminação.

6 – Recorra aos chás. O chá de cardo-mariano e de dente-de-leão são recomendados porque ajudam o fígado na sua função de remover toxinas. Outra sugestão para esta época é o chá de feno grego, que actua como lubrificante, ajudando a dissolver o muco nos pulmões e a humedecer o tracto intestinal, prevenindo a obstipação. Além disso, não se esqueça da água: é essencial beber bastante água ao longo do dia (entre 8 a 10 copos).

7 – Faça exercício. A actividade física aumenta o fluxo sanguíneo, ajudando os nossos órgãos a levarem a cabo o seu trabalho de desintoxicação de uma forma mais eficaz. Além disso, a actividade física leva-nos a transpirar, e o suor é também uma forma de eliminar as toxinas através da pele. Banhos turcos ou sauna também são úteis.

8 – Use as especiarias da época. O gengibre, a curcuma, o cardamomo, a canela, a noz moscada ou o anis são especiarias de Outono, que não só conferem um aroma e sabor deliciosos à comida, como ajudam a evitar problemas de indigestão e flatulência e são benéficos para o nosso aparelho respiratório e sistema imunitário.

9 – Experimente a esfoliação a seco. Além de limpar a pele e eliminar as peles mortas, o chamado “dry brushing” (esfoliação a seco) estimula a circulação sanguínea e o sistema linfático, ajudando o corpo a livrar-se das toxinas através da pele. E vem com bónus: ajuda a reduzir a celulite, que é um dos sinais de “intoxicação”. Antes de tomar banho, pegue numa escova de cerdas naturais e comece por massajar os pés, subindo gradualmente para o resto do corpo, fazendo movimentos longos.

10 – Abrande o ritmo. Reduzir o stress e dormir bem é, provavelmente, o elemento mais importante para que um plano de detox funcione bem. Conhece a expressão “ter um sono restaurador”? Tem fundamento. Durante as horas que dormimos, o nosso corpo não está a gastar a energia habitual de que precisa para se mover, digerir ou pôr o cérebro a funcionar. Isto faz com que essa energia seja canalizada para outras funções, como a eliminação de toxinas, a produção de hormonas e o combate a infecções. Quando não dormimos tanto quanto deveríamos, o nosso corpo não consegue completar estas tarefas. As toxinas acumulam-se, cria-se inflamação e desequilíbrios hormonais, abrindo caminho a vários problemas de saúde. O mesmo é válido para o stress. Para muitas pessoas, este é o calcanhar de Aquiles. As soluções têm de ser pensadas caso-a-caso, mas encontra aqui algumas ideias para começar.
A Ana Rita não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.
Ana Rita Faria (ARF)
https://www.arfhealthcoach.pt/
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